Todos nós estamos chocados com a violência nos últimos dias! O texto abaixo é oportuno para nós - com acesso a Internet, casa própria, alimentação, garantias básicas de vida, frequentadores dos templos shoppings - repensarmos nossa posição.
AGUARDO COMENTÁRIOS DE VOCÊS!
Abraços!
Fernanda
A Paz que nós não queremos
Por Guilherme Preger
Não há nada mais patético [para o problema da violência] do que a típica solução "avestruz" da classe média: encastelada em condomínios fechados, aos domingos veste uma roupa branca e vai para a praia participar de passeatas pela paz e por um "basta" definitivo à situação de caos e medo. Para quem afinal a classe média dirige seu compungido apelo? O vazio dessas passeatas atestam a distância aberta entre o Estado e sociedade. É como se fossem duas entidades completamente diferentes (...).
O que exatamente a classe média quer fazer com sua paz? O que quer dizer "paz"? Será que o desejo de paz da classe média não se traduz por um desejo para usufruir livremente da grande oferta de bens de consumo que o mercado disponibiliza para os bem situados enquanto nega aos desempregados, ou subempregados?
Penso que a escalada da violência está relacionada à crescente despolitização do cotidiano. (...)
A violência (inclusive da guerra) é uma substituição da política. A violência surge onde a política desaparece. E a solução da violência para os conflitos, não é outra, senão a tentativa de eliminar os conflitos, aniquilá-los. (...)
O "mal" se torna justamente isto, acreditar ser possível conviver numa comunidade livre de conflitos e tensões.
(...) Essa despolitização da classe média também tem sua violência específica que se traduz num cinismo crescente que faz pouco caso de toda convicção política mais autêntica. Esse cinismo esconde uma passividade que mina todos os esforços idealistas por mudanças sociais efetivas. As passeatas pela paz são elas próprias uma expressão de cinismo, pois seus participantes se supõem fora do problema e pedem uma "solução" a não se sabe quem, solução esta que independe de toda participação concreta.
Esta paz abstrata e cínica é justamente a paz que devemos recusar. Ela é apenas um sintoma de uma democracia vazia que funciona num nível puramente retórico. Que democracia é esta que prescinde da participação e da luta?
O que exatamente a classe média quer fazer com sua paz? O que quer dizer "paz"? Será que o desejo de paz da classe média não se traduz por um desejo para usufruir livremente da grande oferta de bens de consumo que o mercado disponibiliza para os bem situados enquanto nega aos desempregados, ou subempregados?
Penso que a escalada da violência está relacionada à crescente despolitização do cotidiano. (...)
A violência (inclusive da guerra) é uma substituição da política. A violência surge onde a política desaparece. E a solução da violência para os conflitos, não é outra, senão a tentativa de eliminar os conflitos, aniquilá-los. (...)
O "mal" se torna justamente isto, acreditar ser possível conviver numa comunidade livre de conflitos e tensões.
(...) Essa despolitização da classe média também tem sua violência específica que se traduz num cinismo crescente que faz pouco caso de toda convicção política mais autêntica. Esse cinismo esconde uma passividade que mina todos os esforços idealistas por mudanças sociais efetivas. As passeatas pela paz são elas próprias uma expressão de cinismo, pois seus participantes se supõem fora do problema e pedem uma "solução" a não se sabe quem, solução esta que independe de toda participação concreta.
Esta paz abstrata e cínica é justamente a paz que devemos recusar. Ela é apenas um sintoma de uma democracia vazia que funciona num nível puramente retórico. Que democracia é esta que prescinde da participação e da luta?
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